A fronteira
Puiu os calçados, abriu bolha,
fez calo, alcalinizou o que a vida deu de não,
gemeu, zangou, até chorou,
chegou a parar na beira a abrir mão.
O telefone sem fio da vida
não tem quem fale ao ouvido,
é zumbido alto, ruído,
vento sacudindo a conexão.
Seguiu…
Foi até a fronteira de si sem ver o mundo,
encontrou fronteiras no mundo sem ter a si,
farpejou desencontros do mundo e de si,
cansou.
Seguiu…
Em busca de uma bússola perdida
alcançou nova fronteira,
novos caminhos, novos homens,
e antes que tudo pudesse se repetir
ultrapassou sua própria porteira.
Porque era preciso seguir
e não haviam mais calçados.