Café ao Mar
Um par de botas cansadas
que desgaste completamente o solado
até os pés ganharem a textura da areia
e despidos possam dançar
na borda de espuma que mareia.
Melhor que bem calçado é bem amado.
Melhor que a resistência aos desertos,
a graça pareada de seguir pelas águas.
O só por mais que estruturado
não dispõe da singeleza das gaivotas
ao se cuidarem pelo céu tendo o horizonte na meta.
Para acordar sentidos embotados
a presença afinada,
o rascunho não largado,
o tingimento com afeto,
a dedicação pela graça,
será sempre o melhor remédio.
(na ilustração: aquarela com café)