Strip-tease confessional e a arte do improviso...

Uma música e o suficiente. Toda dança dos corpos e nunca o suficiente. Uma música, o suficiente, toda a memória acorda, todo o exercício do não desatino cái por terra e a presença dele me cobra o não limite das vísceras. Sem um contra-tempo a arte do não se importar e seguir evapora. Sem uma chance de escapar, o tempo se rende à imagem instantânea da transpiração, da invasão dos olhos, da mão de coberta. E o pensamento: nunca me soube nua mesmo me tendo entre os dedos.  Mas foi sábio o bastante para deixar a presença associada à música, sem ter de fato uma ou outra música específica, se espalhou na musicalidade, e quanto mais intensa for a batida qualquer uma me leva a ele.

Fugi o suficiente e o não-suficiente, me vesti de não-querer, deitei sombra na clareza, mas basta uma música para o improviso das minhas paredes se esquecer de esquecer. A delicadeza bruta dos encontros na atemporalidade do tempo, a fome no apertar como quem se quer fundir para nunca mais se esquecer... ao menos no instante do encontro, ao menos no instante do aperto, o suficiente desnuda, a música é um sentimento que toma e dança em repeat.

A rua dele é uma subida que me faz espichar os olhos todo dia no caminho do trabalho, que para desatino meu deu de sempre tocar a mesma música no rádio quando passo pela esquina. A saudade se faz de esquecida, mas não passa. O sentir fica parado na esquina, quer subir; sigo oca. Música é pajé na minha aldeia, e a taba dele bem que podia estar na subida da minha alegria, que andaríamos nús noite e dia... Mas envolvida? Eu? Que isso!?

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Retalhar o ler como convém 1