"si sonríes, yo te miraré"
BEM-VINDA AOS RISCOS DOS PRECIPÍCIOS, era a legenda abaixo dos olhos dele, que ela assim interpretava na entrelinha daquilo que estampava ao título A POSSIBILIDADE DAS COISAS MÚTUAS. Mas se havia precipício, bem sabia, não era um trampolim ao corpo dele que a levaria, mas no ato do saltar qual armadilha ela não se criaria. Ele ali, simplesmente, o nome no visor do celular, uma possibilidade de possibilidade, um refletir uma abertura semelhante à natureza dela, que ela por estremecimentos instintivos já tentara fugir feito réu condenado sem culpa, e assim se censurava e se fazia cárcere da ditadura das próprias dores, que nada relacionavam-se com ele. Mas a imagem dos olhos dele, livre, perseguiam. E foram fugas o suficiente para que sua aparição se silenciasse, e o labirinto a levasse ao beco dos confrontos com si mesma. Sem que houvesse escapativa, se confessou, queria o título e a não distorção da legenda. Ela queria, a ponto de derrubar o muro do labirinto, e sem nada nas mãos se atirar na altura do risco.