190
Eu pela calçada a sol a pino no miolo do Rio,um homem dobra a esquina, uma arma na mão.Ele correndo, eu abaixando a cabeçacom o pedido infantil: fica invisível, fica invisível.Ele na minha direção, diminuindo a proximidade física.Eu com o coração aos pulos, gelada, cada passo mais gelada.Quando não se tem para aonde fugir, faz-se o quê? Pede um tiro no medo?Viria dali da esquina alguém atrás dele? Haveria tiro? Estaria no meio? Quando a mão armada passou rente da minhaum silêncio estranho nos sentidos parecia que me amorteciae os olhos correram para frente querendo livrar-se do suspense da esquina.Mas ele corria, se corria precisava, já provável apontara a armae a portava exposta como garantia, toda rua do outro lado fingia não ver,um fantasma... era eu ali? 190. Alô, é da polícia?Ó, me socorre aqui, tem uma intolerância bandidaroubando todo meu estoque de sangue de barata.