Jangadeiro
Velho dragão d'água, guru de aldeia distante, quando havia seca, chamava todos ao pé de solitária árvore e pedia que com sonhos bons a regassem. Certa vez José, que ali assim estava, derramou uma lágrima pensando no que sempre desejou e nunca concretizara. O dragão, embravecido cuspiu intenso mar ilhando a aldeia. Aldeão outro estupefato implicou:
- Mas se podia deitar tanta água, por que sempre fomos nós que com sonhos tínhamos que regá-la?
- É salgada! - gritou outro alarmado.
Indisposto o dragão respondeu em uma bufada:
- Um sonho enquanto desejado como possível é semente, é motivo. Um sonho quando dado como finado, ou fecha os olhos; ou se constrói jangada.
José sem dar uma palavra foi ao mar com um sonho nos olhos. A aldeia toda preocupada, voltou- se ao dragão novamente:
- Irá morrer José?
Dessa vez rindo como quem escuta uma piada:
- Tolos, é de pele gasta que se faz a coragem de ir ao encontro do amor que de fato encaixa.