Fronteiras Temporais
Quando o ano se encerra
como dedos que se abrem
dizendo: deixa,
e outra mão de tempo se estende
como promessa de bom tato
chamando: vem,
nada, nada do porvir se sabe
e tudo, absoluto tudo é possível também.
Ao possuir em si a própria estrada
a força que te move é leal em si?
Quem caminha contigo a estrada
atravessa a noite, a curva, a névoa
sem perder o coração do contato?
Quando um ano futuro abrir os dedos
e outro a mão estender, por quem
terá posto à coragem sabendo
que mesmo no escuro não há sem?
Há de se saber guiar-se
há de se saber acompanhar:
essa é do tempo a matemática dos duetos.