Sem janela, ou, a senha dela.

Ela tinha por hábito sentar-se a janela. Nas mãos, tintas de ouro retingindo a passagem do outro. Seu lugar não era lá. De tanta espera, teceu cortinas, ergueu grades, até que o sol em seus fios dourados não pudesse mais entrar. Ela não era mais ela, e sequer sabia o que mirar. O vão torna a ilusão bela formada no espelho da retina, e a distancia entorna água não deixando a verdade tocar.Fechada a janela, entre as paredes não poderia mais ela ficar. Desfez o alinho dos cabelos, escorreu o medo pelas escadas, desceu ao chão onde era seu lugar. Aberta a porta, lançada a alma. Se pôs descalça caminhar.Dissolve-se. Dissolve o que não era e o que era espera, dissolve beira, parapeito, tijolo a suor e mazela. Dissolve tempo, paisagem, passeata, cordão de bloco, serenata. E enfim dissolve telha. Enfim ela e o espelho do luar.

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Insights Itinerantes 8 - Render-se

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Do verbo Amar 1